Recordações da casa - e do cabelo, da saia, da blusa, - vermelha

Sorriso nos lábios.
Visualizemos Odete Santos.
Interrogatório policial. À pergunta: "quem és", o ar sonhador/ lunático/ louco de João (César Monteiro) de Deus em "Recordações da Casa amarela": Sou um(a) intelectual de esquerda!
Hoje, alguém afirmar-se intelectual é praticamente sinónimo de loucura, ao nível da clemência que Odete Santos tem pelo comunismo, por exemplo.
Odete Santos é, no entanto e apesar de tudo, das poucas pessoas que se afirma intelectual (sem o declarar) pelo seu percurso. É uma mulher devota à cultura e às pessoas - o comunismo (dela) também é isso, devoção a pessoas. É uma estudiosa.
A ingenuidade da sua devoção é uma faceta, não um defeito.
Há ano e meio, quando fui de visita à Festa do Avante, vi-a em palco e admirei-lhe a postura.
Deus sabe que ela não espanta pela sua figura, que é algo rude, avessa a maneirismos e que nem sempre desperta simpatia. Na altura não percebi o tipo de mulher que era e com que desfaçatez ia para palco, tomar lugar de actores de boa figura, eloquentes e de timbre perfeito.
Hoje percebo.
É uma intelectual! Não de esquerda; comunista - para que se não ofenda. A loucura também tomará parte, certamente. Rebelde q.b., chamou-lhe Cunhal.
O meu (se não de mais ninguém - valha-vos a fraca figura da senhora) aplauso a Odete Santos.

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