Pat Metheny e Brad Mehldau em Loulé

Inserido no Festival Internacional de Jazz de Loulé, organizado pela Casa da Cultura de Loulé e com a grandiosa chancela do Allgarve, ontem no - salazarento - Monumento Engº Duarte Pacheco, Pat Metheny e Brad Mehldau!
Começaram a dois, Metheny na guitarra, Mehldau no piano, virtuosos, virtuosíssimos, duas três faixas, até chegarem Larry Greenadier e Jeff Ballard para o contra-baixo e a bateria e aí houve espectáculo! A bateria a marcar o ragtime jazzístico, o contra-baixo apurado e Metheny e Mehldau iguais a si próprios. Grande concerto.
Sob a chancela Allgarve - disposto em letras coloridas gigantes -, caraças.
As piadas de amigos, já na ressaca do concerto, consistiam em quem iria roubar um dos "L's" ao Allgarve. Até ver, ninguém ousou. Sacana do Pinho.

fim da fita


Primeiro foi Ingmar Bergman aos 89 anos.

Depois foi Michelangelo Antonioni aos 94 anos.
Ontem foi um mau dia para o cinema.
Manoel de Oliveira que se acautele.
É costumeiro dizer-se que o cinema está mais pobre.
O problema é que está a empobrecer a grande velocidade.

Adenda: dizem-me que a tirada relativa ao Mestre português é de mau gosto. Não era essa a intenção. Ainda assim, fica.

extraordinário


Alguém deu pela estreia da segunda temporada de Extras? Não?
Não devem ter sido os únicos. Pouca publicidade para uma série deste calibre, mas enfim.
Tal como a primeira, esta faz também parte do segmento Britcom ao domingo à noite na rtp2.
Para prosseguir com a saga de Andy Millman, o mestre Gervais convidou mais uma fornada de gente conhecida. Nesta temporada veremos Orlando Bloom, David Bowie, Daniel Radclife, Chris Martin, Sir Ian McKellen e Jonathan Ross, exactamente por esta ordem.
O primeiro episódio lança o tom para uma nova fase da vida de Andy. Mas será mesmo uma nova fase, ou o homem não sai da cepa torta? A não perder, deveras.

O substituto do Simão é um menino

O fenómeno prestes a aterrar.


Todo eu em pulgas.
Visibilidade e patrocínios chorudos.

Lil' John e "Gulbenkian"

A propósito das comemorações dos 50 anos da Fundação Calouste Gulbenkian, o produtor Lil' John (Buraka Som Sistema, 1-Week Project, Enchufada) vai apresentar uma peça de música de 45 minutos que reflita a sua perspectiva sobre a produção musical contemporânea. Lil' John vai basear o seu trabalho em sampling da Orquestra da Gulbenkian, cruzando a partir daí várias influências desde a música urbana como a electrónica. O produtor vai ser acompanhado pelo DJ Ride e por quatro músicos da Orquestra Gulbenkian: Maria Castro Albi, Jeremy Lake, Jorge Teixeira e Vasco Broco, que ultrapassadas as reticências iniciais, acederam ao arrojado convite.
Lil' John é dos mais conceituados produtores de música urbana em Portugal e o conceito não é ímpar, mas continua a ser de louvar. A música "eru-dita" tem uma aura de inatingibilidade que não se pretende, e a aproximação de estilos e a fusão é um excelente caminho. Até seria interessante, dentro do mesmo conceito, convidar vários produtores de música urbana a fundir e trabalhar sobre bases instrumentais cássicas. De cabeça, ocorrem-me Sam the Kid ou Kalaf, mas há muito talento a ser explorado, e muita música a precisar de ser ouvida.

Prince do povo?

Na edição desta semana do suplemento Ípsilon o jornalista Mário Lopes assina um artigo intitulado "Prince volta a atacar". Neste artigo é discutida a última irreverência do artista americano.
Acontece que Prince fugiu às garras da indústria discográfica, lançando o seu novo álbum "Planet Earth" gratuitamente com uma edição do tablóide inglês "Mail On Sunday", sem passar por qualquer editora. Três milhões de cd's cujo preço rondaria os 20 euros foram "oferecidos" ao povo pelo simples preço do periódico. Sim, leram bem, 3 milhões.
Ora os senhores da Sony BMG, com quem Prince tinha contrato não gostaram. Coitadinhos. Optaram por terminar o contrato com o artista, o que torna impossível encontrar o álbum em qualquer loja do Reino Unido.
Apoiado nos lucros dos concertos, Prince abdicou dos lucros de venda do disco, e mesmo assim sai a ganhar. A ganhar mesmo muito mais. Citando o artista: "Faço muito dinheiro na estrada. Ganho 300 mil dólares por noite." Isto tendo em conta que nesta recente operação de marketing apurou uns bonitos 370 mil euros e tem marcadas 21 datas em terras de sua majestade. Façam as contas.
Como disse, a editora não gostou do bonito gesto de Prince. E não gostou porquê? Simplesmente porque não ganhou nada com a operação. Zero, nicles batatóides.
Ora neste artigo do Ípsilon o jornalista Mário Lopes foi falar com Tozé Brito, director geral da Universal Music Portugal.
Podíamos esperar uma declaração sensata e ajuizada de Tozé Brito, mas os milagres não acontecem todos os dias. Numa atitude retrógrada e completamente cega face às mudanças constantes do mundo da música mundial, diz assim este senhor: O que o Prince fez não passa de uma chico espertice. Tem memória curta e está a dar cabo da carreira."
Para um tipo que tem Tozé como nome próprio, este senhor tem-se muito em conta.
Bem sei que a música de Prince não apela a toda a gente, mas o tipo merece ter todo o sucesso do mundo. São acções como esta que liberalizam o acesso global à cultura e beneficiam quem está farto de ser explorado pelas grandes corporações, ou seja, todos nós.
Esperemos que muitos lhe sigam o exemplo, porque o futuro da música terá que ser do povo e não de um grupo de senhores a quem só interessa o lucro.

update: O Courier Internacional dedica também duas páginas ao futuro da industria discográfica. Leiam aqui.

Uma nova era II


Porque demorou mais a despi-la do que outras. E porque soube honrá-la nos momentos em que a envergou. Os sonhos não caíram, apenas mudaram de campeonato.
Por enquanto há gente nas nuvens. Chamemos-lhes portadores de sonhos. Por enquanto.

Uma nova era

Apesar do esforço, já a conseguiu despir.


Os sonhos caídos.

O Fado de Alberto Serra

A reportagem de Alberto Serra que acaba de passar na RTP sobre o Fado constrói um imaginário sobre o Portugal real que não o reflecte. Alberto Serra pega em pessoas que trauteiam fados pelas suas vidas profissionais e que acabem em casas de fado, dando grande ênfase a um amor pela música.
Mas o fado, hoje, e eu sou bastante apreciador, tem um circuito igual a tantos outros. Portugal não faz do Fado a sua banda sonora. Os portugueses tanto cantam Amália como Ágata. Existem mais bailaricos do que noites de Fado.
Alberto Serra sabe - antes de fazer a reportagem - ao que vai, e o resultado é este. É um resultado legítimo, mas não real(ista). As casas de fado que são filmadas sequer atingem o efeito esperado. Um e outro ouvinte fecha os olhos, por prazer ou sono, escolha-se conforme o gosto.
O Fado é, hoje, banda sonora de uma minoria. Faço parte dela, por gosto.
A reportagem será inocente, ponto.

tour com T pequeno


Procura-se: o único tipo que não está dopado no pelotão do Tour.
Recompensa: Sei lá, uma camisola amarela.

update: mais um para a contabilidade...

Death Proof - fun fun fun

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Corria o ano de 1964 quando os Beach Boys lançaram o single Fun, Fun, Fun. Neste single Brian Wilson e companhia contam a história de uma jovem rebelde e o Ford Thunderbird do seu pai. Carros e miúdas conduzem inevitavelmente a fun, fun fun.
Não se sabe se o bebé Tarantino, com um ano de idade à altura, era fã dos Beach Boys, mas é inegável que transportou a tal fun para o seu cinema.
Na sua ode ao cinema Grindhouse criou Death Proof. Já todos ouvimos falar da premissa e do que é o grindhouse, portanto saltemos essa parte. Saltemos também a divisão dos filmes de Tarantino e Rodriguez para a Europa, simplesmente porque os americanos são um dos povos mais estúpidos à face deste planeta, irmãos Weinstein incluindo.
Quem não é estúpido é o sr. Tarantino. Haverá em Hollywood mais algum realizador que possa apresentar uma ficha como a do amigo Quentin? Que só faça filmes de que goste? Não me parece. O homem é um privilegiado senhoras e senhores. Tarantino funciona como um miúdo dentro de uma loja de doces, ou como eu na FNAC. A única diferença é que ele pode provar e comprar todos os artigos da loja, a seu belo prazer.
Todo o projecto Grindhouse não passa de mais uma veleidade da dupla "Tarandriguez", tipos dados a satisfazer qualquer guilty pleasure do momento, quer meta vampiros, mexicans ou kung fu., o importante é fazer um filme sobre isso. Ainda bem, digo eu.
Death Proof tem todos os elementos que, segundo nos foi anunciado, perfazem um filme de grindhouse, mas é mais do que isso.
É do conhecimento comum que Tarantino é um dos melhores guionistas quando se trata de escrever diálogos para mulheres, sendo-lhe reconhecido tal mérito desde Jackie Brown. Parece que o homem tem um dom para escrever diálogos extremamente realistas e tal.
Ainda assim, confesso que Death Proof passava muito bem sem alguns minutos de diálogo entre as jeitosas protagonistas, acabando por arrastar perigosamente as cenas para a quase monotonia.
As protagonistas são agradáveis aos olhos sim senhor, mas o homem que faz girar as engrenagens é Stuntman Mike, um Kurt Russell a fazer aquilo para que nasceu, e a fazê-lo muito bem. Lá está outro dom de Tarantino, trazer pessoal da oldschool para o presente. A cada momento que se ouve o carro ou se avista o Stuntman Mike a narrativa ganha novo impulso, estando-lhe destinadas as cenas de maior espectacularidade da película.
Para além da mestria do Stuntman Mike temos que lembrar que o carro é a sua arma.
Voltamos então ao Fun, Fun, Fun dos Beach Boys.
Miúdas jeitosas e carros potentes é uma formula destinada ao sucesso, basta apenas polvilhar com uma pitada de Kurt Russell e uma banda sonora à medida dos anos 70, coisa que nunca foi problema para Tarantino.
O homem é um génio do cinema e ponto final. Para um apreciador de carros e cinema como eu, as cenas ao volante valem por todo o filme. A perseguição final fica para a história do cinema e, principalmente, do entretenimento.
Mais um hole-in-one para Tarantino, cinco estrelas. Veremos como se porta Rodriguez, em Setembro com Planet Terror.

PS: Como bons europeus que somos, roubaram-nos também os trailers falsos. Muchas gracias señores...

Irrita-me a publicidade enganosa!

Ò urso polar e pinguins brasileiros que cantam no anúncio, não é para ser desmancha-prazeres: MAS NÃO É A ÁGUA DAS PEDRAS QUE VAI SALVAR O MUNDO DO AQUECIMENTO GLOBAL!

sweet mary jane


Quando em 1999 Alan Ball escreveu o argumento de Beleza Americana certamente soube que estava a abrir um precedente. Ball e Sam Mendes entraram nas casas suburbanas da classe média-alta americana e mostraram uma realidade diferente da que nos era apresentada nas séries e filmes made in USA.
Não tenho cultura cinematográfica ou televisiva suficiente para dizer que alguém o fez antes ou melhor que estes senhores, por isso vamos assumir que sim.
Seguiu-se o Oscar e o reconhecimento dos criativos americanos deste mundo por explorar. Escancararam a porta e fomos apresentados a um (pouco?) admirável mundo novo. O próprio Alan Ball voltou ao dia a dia americano em Sete Palmos de Terra, com o sucesso que se sabe. Vimos mafiosos no psiquiatra, romanos com grandes egos e grandes defeitos, donas de casa longe da perfeição e hoje estreou em Portugal a primeira temporada de Weeds, ou Erva, como quiserem.
Uma dona de casa drug dealer. Onde é que o mundo vai parar?
Gostei dos dois primeiros episódios, gostei de Mary-Louise Parker, será possível não gostar? Parece-me que a parte de comédia está em grande parte reservada ao núcleo de produtores de erva, e bem. Apesar de ser um humor muitas vezes vernacular, não deixa de funcionar quase na perfeição. De lá reconheço Romany Malco, tipo com piada avistado pela primeira vez em Virgem aos 40 anos. Ainda assim, o resto dos actores não destoa, servindo perfeitamente os propósitos da narrativa.
Afinal os subúrbios americanos não são tão inócuos como se pensava. Não são perfeitos, os americanos, e Hollywood sabe disso. Afinal, todos gostamos de ver e analisar os defeitos dos outros, daí o sucesso de Weeds e dos seus semelhantes.

ela só quer, só pensa em namorar*

Acabo de ouvir um tipo na emissão do RCP afirmar "já é tempo de ouvir a discografia dos Onda Choc".
- Devia ser um programa de tributo ao Bibi.


*dizem-me que o título deste post provém de um greatest hit do grupo. Nunca ouvi.

não sou familiar do saramago

Conta-nos a edição online do diário desportivo Marca que este foi um dia muito bem sucedido para o desporto espanhol.
Fernando Alonso venceu em Nurburgring, Nadal passeou-se novamente no pó de tijolo de Estugarda e o jovem Alberto Contador sprintou para a vitória numa das etapas de montanha mais complicadas e espectaculares do Tour. Falhou a vitória de Sergio Garcia no British Open de golfe, dizem eles.
45 milhões de espanhóis e José Saramago maldizem neste momento o futuro de Garcia por não levar o nome do império ao lugar mais alto do pódio. Pobre Sergio Garcia. Tivesse nascido no século XV e decerto não escaparia às partidas de Torquemada. Maldito sejas Garcia!
E Portugal? Alguém ganhou alguma coisa hoje? Bem me parece que não. Ainda assim temos campeões em muita coisa. Telma Monteiro domina o judo, Vanessa Fernandes faz triatlo noutra dimensão, o Lamy vai ganhando de vez em quando nos carros de choque e já fomos grandes no atletismo, apresentando hoje sucessos esporádicos.
Será que neste país mais ninguém nasceu para ser vencedor em desportos com visibilidade sem ser o futebol? Confesso estar farto de ouvir falar de C. Ronaldo, mas não de o ver jogar.
Ainda assim gostava de ver um destaque como este da Marca num jornal português.
Quando? Alguém me sabe dizer? Que temos matéria prima sei eu, parece-me é que faltam os meios.
Até lá vamos-nos deliciando com a perícia e tenacidade dos espanhóis. Os espanhóis como Nadal e Contador, que não sou fã do menino Alonso.

Artic Monkeys no Coliseu dos Recreios

Na passada quarta, no Coliseu dos Recreios, em que a sala foi mesmo demasiado pequena para tanta gente. Os Artic Monkeys levaram à histeria o muito público (jovem) que esgotou a sala e que, estupidamente, insistiu numa mosh que não agrada a tantos quantos frequentam concertos de rock. Ou, de sonoridades um pouco mais agressivas que pop "madonnesco", como o rock jovial e alegre dos Artic Monkeys.
Muito calor, suor e alguma pancada, foram condimentos de um concerto quase perfeito, em que os rapazes ingleses tocaram 20 canções dos dois álbuns, agradando a todos, tanto os entusiastas inveterados do primeiro álbum como os indefectíveis de ambos. Alex Turner não falou muito, é apenas um rapaz de Sheffield, e continuou a sê-lo no palco, com milhares de pessoas a gritar em uníssono as letras dos Artic Monkeys.
Os Artic Monkeys são um fenómeno. De, de, de, de.
O terceiro álbum é bem capaz de vir a ser outro. Espero.

Saramago é iberista (espanto...)

Domingo passado, vindo da praia ao quiosque, e vendo as parangonas que faziam título no DN, comprei-o. Não o costumo, à excepção de títulos como o do dia e de cronistas como os de "ontem". Titulava uma entrevista com José Saramago algo alusivo ao seu velho sonho iberista e que despertou nos meios intelectuais anti-Saramago sentimento algo próximo do desprezo, como habitualmente acontece, quer nos sucessos, quer nos desaires do Nobel português(!). Sou "Contra o Fanatismo", - Amos Oz, autor por ora muito apreciado -, e não reconheço a José Saramago a competência política como a genial literária. Esta é uma discussão velha como a vida, e, a bem dizer, já algo enfadonha. Não se jogarão fora obras inteiras de génios, só porque estes perfilhem uma ideologia de índole duvidosa. Heidegger era génio, e nazi. Gunter Grass: génio. Passado duvidoso ligado às juventudes hitlerianas. G. G. Marquéz: génio. Amigo pessoal de Fidel, tem tido postura condescendente e passiva relativamente à situação cubana. Saramago é Saramago. Teve percurso político manhoso, mas tem prosa irrepreensível, genial. E isso, mais ponto, menos ponto, é certo e final! Não sou desses que dizem que Saramago é um génio e Lobo Antunes um escritor medíocre. Isso não faz sentido. Sou dos - poucos - que dizem que Saramago é um escritor brilhante e Lobo Antunes é um escritor brilhante. Acompanho o ego dos dois e o espírito dos dois. Não me ponham em correrias e competições, não é para mim. Nem a Literatura é isso, apesar de jogada ao "Nobel". Quanto ao que roda na blogosfera sobre Saramago, por essa cambada pronta a partir ignorante para cima das posições políticas do homem, digo que: burgesso é um homem pelo homem que é e pela obra que deixa.
Ter um ódio de estimação é certamente mais ignorância do que o homem ter a opinião que tenha. Aqui há pouco tempo, mais de metade dos inquiridos - representativos da população portuguesa - respondiam que preferiam ser espanhóis... Saramago só propôs a "Ibéria".
Insultos a rodos, senhor GaZpar, insultos a rodos.

Lisboa a votos

António Costa na esperada presidência da autarquia lisboeta, com também esperado conforto.
Rombo à direita partidária.
PSD e CSD-PP são os grandes derrotados destas eleições autárquicas de Lisboa.
Fernando Negrão não conseguiu melhor que um terceiro lugar, o pior cenário possível, atrás do independente e envolto no processo Bragaparques Carmona Rodrigues, que ainda assim conseguiu a sua vitória pessoal, ficando à frente do partido que o apoiara e o renegou.
Telmo Correia consegue o feito de não se nomear sequer a si próprio como vereador, feito nunca antes alcançado pelo CDS-PP, - quer anteriormente com a AD.
Helena Roseta, por sua vez, conseguiu um bom resultado, conseguindo roubar algum eleitorado - em boa parte, feminino, diz-se - ao seu PS e até ao Bloco. Ruben de Carvalho do PC também atingiu uma marca bastante positiva, com um eleitorado fiel e que não tira férias.
Os lisboetas concordaram que o Zé fazia falta, e deixaram-no por lá. José Sá Fernandes (BE) continua os seus combates - à corrupção, ao compadrio.
O resto são nadas. O Pinto Coelho conseguiu uns nadas que me entristecem.

Comandante

Ano 2002. Um norte-americano em Cuba para conversar com Fidel. Não vem da parte da CIA nem do governo americano, pelo menos que se saiba. Longe disso.
Oliver Stone, soldado transformado em cineasta de Hollywood há mais de trinta anos foi prestar uma visita a Fidel. Por sinal levou umas quantas câmaras atrás, para mais tarde recordar.
Dessa visita com intenções biográficas saiu Comandante, documentário/homevideo que segue estas duas almas, em especial a do senhor de barbas e as palavras que saíam da sua boca.
Falam sobre Hemingway, sobre charutos, passeiam-se num mercedes blindado, almoçam e jantam juntos. Discutem-se os amores do líder cubano, os pecados do passado e do presente e o alcoolismo dos vários presidentes soviéticos.
Ficamos a conhecer um pouco mais a Cuba pós-revolução, versão Fidel. Ficamos a conhecer o próprio Fidel através da versão Fidel.
Os mais incautos poderiam pensar que Stone seria capaz de produzir uma hora e meia de documentário minimamente isento, numa perspectiva afastada do charme do sr. Castro Ruz, mas tal não acontece. Culpa da idade do revolucionário? Da fama que o precede? Provavelmente sim.
Oliver Stone é fã confesso de Fidel. Ainda assim, assenta-lhe bem o papel de inquisidor, não se furtando a colocar nenhuma questão mais sensível para o líder cubano. Ouvimos resposta para tudo, mesmo tudo, o que Stone pergunta e não pergunta a Fidel. Ouvimos respostas, versão Fidel, é claro.
No final ficamos a conhecer um pouco melhor esta figura do século XX. Tal como aconteceu com Oliver Stone, também nós ficamos enamorados da figura de Fidel, esquecendo o lado negro da força.
Pode não servir como documento político fiável, muito menos como imagem correcta da sociedade cubana contemporânea, mas Comandante permite-nos conhecer um pouco mais do dia de Fidel Castro, agora que já não lhe restam muitos.

o senhor Mexia

Pedro Mexia.
É um intelectual atípico: aprecia a exposição mediática, é (relativamente) jovem e de direita. Formado em direito, espalha a magia das suas competências pela crítica literária, - sexta no Ipsílon, do Público - pela poesia, pelo intervencionismo político e pelo cronismo - assina uma crónica no Público ao sábado.
Leio-o, regularmente, no blogue e agora - já o lia no DN - no Público. Aprecio-o. Apesar de, não é, aparentemente, dessas direitas que me nauseiem e sendo elitista, não se arma ao pingarelho só porque sim.
O que se passa é que este Mexia é um tanto estranho. A sua prosa fala invariavelmente de mulheres, o que, de certa forma, será de louvar. Mas é tão descritivo quando fala do sexo feminino que, ou não conhece, ou não gosta. Diz que gosta, mas duvida-se. Depois, fala de mulheres tendo sempre em conta o handicap que diz deter - coitadinho do Mexia, tão inteligente e tão feio. Não é bonito fazer-se de coitadinho senhor Mexia.
O senhor Mexia é inteligente, mas jovem, mas não tão jovem assim que ainda em idade de se lamentar da sua má sorte com o espelho. Não é uma temática forte de discussão literária/ filosófica, e o sr. Mexia, letrado em tudo o que se presume, já deveria ter arranjado uma namorada à medida, - à sua, como é evidente - e deixado-se de lamentos. Possivelmente, acalmar-lhe-ia a veia intelectual e aconchegava-lhe o espírito.
Sai um bitoque e uma vida pró senhor Mexia!

Live Earth, Sete Maravilhas e fantochadas afins

Sete de Julho de 2007. Anuncia-se por aí como uma data importante, como se não fosse apenas mais um dia igual a tantos outros. Dizem que o sete é um número especial e não se quê. O sete seria especial se me tivesse saído o euromilhões e a última estrela ou número fosse o tal algarismo. Aí sim, seria bastante especial.
Vai daí, e dada a especialidade que é o número sete, os senhores do mundo decidiram fabricar uma série de eventos para este dia. Coisas altruístas, agradáveis ao olho e ao ouvido concerteza.
Comecemos pelas sete maravilhas. Estádio da luz todo enfeitado, um senhores que vêm do estrangeiro para dar mais visibilidade à coisa, 40 mil pessoas a presenciar o evento ao vivo. Música e um espectáculo supostamente à escala global.
Agora pergunto eu: que utilidade tem tal evento? Querem-me convencer que amanhã as sete maravilhas escolhidas terão algo que não têm hoje? Que Portugal vai ter maior visibilidade a partir do dia oito de Junho de 2007? Não me parece meus amigos. A única maravilha deste espectáculo será a presença do rabo da Jennifer Lopez ao vivo e a cores, e mesmo assim duvido da viabilidade desta situação.
De um auto-felatio social para outro, passemos ao Live Earth.
Obra de Al Gore, capitalista virado messias da natureza, o Live Earth consiste numa série de conbcertos espalhados por não sei quantas cidades deste mundo. Alguém tem a sensação de deja vú? Eu já vi isto em algum lado... Ah, já sei, antes era para mostrar ao mundo a fome em África, agora é para mostrar o aquecimento global.
No Live Aid e Live 8 alguém viu putos com fome em cima do palco? Eu não vi. No Live Earth os que sobem ao palco podem afirmar-se como amigos da natureza? Não me cheira. Hipocrisias.
Vêm prá televisão pessoal todo aprumadinho dizer que temos que cuidar do mundo à nossa volta, não devemos poluir, devemos estar atentos à mudanças criadas pela mão humana e lutar contra estas. Dizem-se coisas politicamente correctas = merda.
Quem são estes tipos para alertar os outros a consumir menos energia? A Madonna, os U2, os Greenday e mais as outras dezenas de bandas e artistas que vão actuar têm alguma autoridade? O Al Gore? Por amor de Deus, sejamos realistas.
Será que toda esta gente foi e vai para os seus concertos de bicicleta ou a pé? As luzes e o equipamento que usam no espectáculo é movido a energias alternativas? Não sou cientista nem perito em nada, mas aposto que a energia despendida em cada concerto do Live Earth dava para suportar o consumo eléctrico de muitas e muitas casas. Parece não preocupar ninguém. Todos com sorrisos e refrões orelhudos.
Existem ainda algumas excepções. Veja-se o caso dos Arctic Monkeys. Putos da minha idade, da idade de tanta gente, com muita vida pela frente. Recusaram actuar no Live Earth, conscientes de que estariam a ir exactamente contra os princípios que geraram o evento.
Estádio de Wembley cheio com uns palhacinhos aos saltos no palco preparado para o espectáculo dos Metallica amanhã.
Isto é cuidar do ambiente? Parece-me que não é com mega-concertos que vamos lá, mas tudo bem. Afinal, o Al Gore é que sabe.

PS: Começou hoje também em Londres o Tour de France 2007. Com bicicletas, lembram-se? Dizem-me que essas não poluem. Havemos de averiguar.

A Laurinda Alves

Pergunto.
Não será preocupante ler Laurinda Alves - primeiro - e concordar com o que ela escreve - segundo - ?
Na passada sexta, no Público, "aquela que nós sabemos" escreveu - e bem - sobre Mia Couto. Sobre as entrevistas/ conversas de Mia na televisão portuguesa, refere que a "Grande entrevista" de Judite de Sousa tirou Mia Couto do seu habitat, como aliás seria de esperar. Judite de Sousa é uma entrevistadora perita em sacar respostas, de entrevista directa e pouco espaço ao entrevistado. Mia Couto precisa de espaço, tempo, para pensar e para se expor. A sua conversa tem o ritmo africano algo compassado e sonhador.
O espaço teve-o, em parte, na Câmara Clara de Paula Moura Pinheiro. Ambiente descontraído e entrevistadora, - conversadeira - que dá espaço para o imaginário, a estória, e proporciona a Mia Couto aquilo que Laurinda Alves tendeu a chamar o brilho do "olho azul". Escusava-se, Laurinda, mas sigamos.
Aqui entre nós, Mia ficava mesmo bem, - e eu com ele, - no Por Outro Lado, de Ana Sousa Dias. Uma conversadeira, ao escritor moçambicano!
E a Laurinda; pois sempre é suportável, se não invocar a vida familiar - enfadonha -, as celebridades com quem se encontra por puro acaso em algum sítio do Mundo, as rezas e a sua espiritualidade.
Como a Laurinda insiste em ivocar tudo isto, esta é uma página perdida, no belíssimo Público de sexta-feira. Tanto bom cronista e tanto - aspirante a - jornalista desempregado.
E o Mia Couto na Grande Entrevista; e a Ana Sousa Dias a falar de Bairros com idosos. Ora ora.

the Office is coming to town

diz que é quinta-feira à noite na TVI, provavelmente num horário muito apropriado, para não variar
update: O site da TVI, longe de ser um elemento fiável, indica que o episódio piloto da primeira série passará à 01:15.

Bajofondo Tango Club no fecho do Fest. Med

Do génio criativo de Gustavo Santaollala, (oscarizado) criador de bandas sonoras de filmes como Babel, 21 Grams, Diarios de Motocicleta ou Brokeback Mountain, saiu esta banda: Bajofondo Tango Club.
As premissas musicais que os precedem são precisamente os seus antecedentes musicais, a música argentina e uruguaia, o Tango. Numa abordagem superficial, equiparamo-os aos Gotan Project, por exemplo, mas o projecto é mais arrojado. Os Bajofondo Tango Club propõem-se a tornar o Tango dançável, de todas as formas que não a convencional. Esqueçam os pares, os passos ritmados, premeditados, Carlos Gardel, o classicismo. Santaollala pegou num violinista muito, muito dotado; num bandoneonista igualmente talentoso, num excelente contrabaixista, dois DJ's e um video jockey e juntou-lhe a sua refinada guitarra para criar uma sonoridade que vai do tango ao house, do drum'n'base ao trip hop, tudo em ambiente festivo. Deliciosos os saltos enérgicos e algo descoordenados de Santaollala. Delicioso o violinista, pose superior e mestria não menos altiva. Estes senhores, às primeiras pinceladas de magia do violinista já tinham cativado todo o - imenso - público presente no Palco da Cerca (do Convento). O video jockey esteve excelente, criando grande empatia e excelente espectáculo - para além do espectáculo. Foi sem dúvida a actuação do Festival e, se ainda conseguirem, aconselho a qualquer um, são brilhantes.
Santaollala ainda fez uma perninha pelo principal tema de Diarios de Motocicleta, o que fez com que alguns canhotos presentes gritassem por Hasta Siempre, mas os Bajofondo não tinham vindo acalmar as hostes esquerdistas.
Abriram o Tango de par em par e maravilharam todos os presentes. Eu inclusivé.
Fantásticos!


Zurraria

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