Pro Revolution

Sabida que é a aversão daqueles que perfilham a ideologia comunista pelas novas tecnologias e particularmente pelos dispendiosos entretenimentos da máquina capitalista, a Konami, conceituada editora de videojogos como “Pro Evolution Soccer” ou “Metal Gear Solid”, resolveu apostar num novo jogo para tentar cativar os seguidores de Marx.
O produto final está praticamente acabado e dá pelo nome de “Pro Revolution” e o seu objectivo é explícito no slogan que promove o jogo: Insurge yourself, em português “Faz tu próprio a Revolução”. Há que fazer a revolução, em diversos cenários possíveis, verídicos ou criados pelo utilizador. Da mesma forma, tanto pode incutir no jogador a responsabilidade de ser “El Comandante” na Revolução Cubana, como o pode fazer na Revolução Russa de 1917, liderando os Bolcheviques pelas latrinas do palácio do Czar. Para aquele pessoal que gosta da festa rija, pode ainda criar um cenário completamente novo, definindo todas as condicionantes geo-politico-estratégicas do país em que se pretende fazer a revolução e do tipo de revolução que tomará lugar, desde uma pequena insurreição no Estádio da Luz até à anarquia total por uns lombinhos de porco no Talho do Macário na Avenida de Roma. A cereja no topo do bolo, poderá ser, para os idealistas marxistas-leninistas, a edificação virtual da revolução e de um regime comunista nos Estados Unidos da América, país capitalista por virtude ou defeito, conforme o gosto.
A Revolução pode ser, assim, virtualmente idealizada lado a lado com ícones comunistas como Ernesto “Che” Guevara (o Mourinho das revoluções), Lenine, Mao Tse Tung, Odete Santos, entre outros menos mediáticos mas igualmente aptos camaradas para o ataque aos governos vigentes comandados por esses porcos capitalistas.
Existem ainda uma panóplia considerável de mini-campanhas como a liderança de uma rebelião em Guantanamo com a opção de se explodir, levando consigo setenta americanos por cada virgem que tiver à sua espera no paraíso. Pode também tentar a criação de uma lista concorrente à de Pinto da Costa de forma a destituir o imortal dirigente portista ou a fuga do estabelecimento prisional de Vale de Judeus, estando esta última inserida num nível inicial do jogo, tal a facilidade com que os condenados conseguem fugir deste estabelecimento prisional de excelência.
No segredo dos deuses está ainda, a possibilidade de fazer refém personalidades como George W. Bush, Tony Blair ou Marques Mendes, este último numa missão especial situada no Portugal dos Pequeninos.
Espera-se que a Konami chegue a essa fatia de mercado que são os resistentes comunistas, de modo a que estes perspectivem a sua ideologia de forma mais abrangente, moderna, actual. Realista? Ai isso já não, que já não é o comunismo? Pronto.

Coisas

Não é por nada, é por tudo.

Gosto de saber coisas.

Gosto de saber que existe um movimento infantil do Partido Comunista Português que dá pelo nome de Pioneiros de Portugal. Nome fascista, não é? Gosto. Apesar de tudo.

Gosto de saber que existe um jornal chamado Emanuel, editado (supostamente) pelo próprio. Esse. Sim. Pimba. 60 000 exemplares.
Gosto de saber que o Emanuel dá emprego a jornalistas. Gosto de saber que existe algo pior que O Crime. Não exactamente pior. Sim, pior. Jornalismo pimba, conceito inédito. Obrigado Emanuel.



PS. Se Pulido Valente dá uma olhadela a este "Nome Fascista"...
Esclareço. Passível de indiciar uma ideologia tendencialmente de extrema direita. Não exactamente fascista, Sr. Valente.

O Insólito

Nunca uma informação tão banal criou tanta celeuma.
Uma pessoa ler um livro, imagine-se. Pois bem, essa pessoa chama-se George W. Bush, e tal a singularidade da acção, mais recorrente para algumas pessoas, ditas normais, que a Casa Branca tornou pública a informação.
O livro é O Estrangeiro de Albert Camus, um livro que foca o absurdo comportamento de um homem, Meursault, desprendido de preconceitos e limitações sociais.
Daniel Oliveira adverte, no Expresso, preocupado: “ Não será demasiado para um principiante”?

Assim de repente

Intrigam-me muitas coisas, posso dizê-lo.
Aparte o cabelo do José Cid e a possibilidade de pena de morte para o Miguel Ângelo dos Delfins, uma das coisas que mais me perturbam será, actualmente, o processo de engate da malta portuguesa.
Perturba-me, e haverá poucas pessoas que possam dizer o mesmo com tanta convicção, porque uma única vez que meti conversa com uma jovem num bar, ela riu-se alarvemente na minha cara, para logo de seguida virar costas. Sem contar nenhuma piada. Confirmem os senhores leitores se é inaptidão ou…
Ataca-me ferozmente o juízo aquele repente, em que, passado um breve “Que horas tem?”, se passa a um prolongado “Em tua casa ou na minha?”. Intriga-me. Que rumo toma uma conversa que começa por “Que horas tem?”
Segue hipoteticamente.
”Pois são 2 e 25”
“Pois é, já passa uma hora da 1 e 25”
Ou talvez:
“Pois são 2 e 25”
“Cheguei aqui ao bar há cerca de uma hora”
Ou simplesmente:
”Pois são 2 e 25”
“Parece-me uma excelente hora para fornicanço…”
Presumo que seja isto.
Pedro Santana Lopes, estudioso do comportamento humano, nome pomposo para “Vadio que não faz nenhum e só chula os portugueses”, conseguiu um outro método mais eficiente, que passo a citar:
“São agora exactamente 2 e 25, e acabou agora de abrir uma vaga para minha secretária.”

Os "espectáculos" do Fernando Pereira

Fernando Pereira... Fernando Pereira...
Creio não estar sozinho quando pergunto PORQUÊ?! QUE MAL FIZEMOS NÓS?!
Quando se passa demasiado tempo em frente à televisão, corre-se o risco de ver uma promo a mais um "espectáculo" do "artista".
Nestas promoções, é dado a entender ao espectador que este homem tem a capacidade de reproduzir toda uma vastidão de vozes de pessoal famoso, de Tina Turner até ao Nel Monteiro, quando na realidade, a única voz que consegue imitar é a de uma peixeira do mercado do bolhão que sofre de cirrose desde tenra idade.
Parecendo que não, esta coisa de gastar dinheiro dos contribuintes com programas deste calibre torna-se um bocadito incómodo.
Compreende-se, porém, que exista público para este tipo de programa, mais precisamente aquelas velhotas e velhotes com mais de 92 anos que estão acamados ou entrevadinhos há 20 anos e cegos há mais de 40, para além de que uma não baixa percentagem destes não sabem “trabalhar com o telecomando”.
Apesar desta facção crescente, dado o envelhecimento da população, mas ainda assim reduzida, peço encarecidamente a quem manda na secção televisiva da RDP que ponha os olhos neste senhor, e acabe com o próprio e o nosso, principalmente o nosso, sofrimento.
Como plano B, e se uma intervenção directa não resultar, torna-se imperativo recorrer aos serviços do maior herói português (vivo), Manuel Subtil. Tenho dito.

Insónia

Tropeço por ti, por acaso. Ainda aí estás? Que te ias embora. Ainda não. Estúpido acesso de fúria. Ainda sim. Gosto de quando te vais e te ficas, matando-me de te ires e de te ficares. E mutilo-me, porque sim e porque não. Gosto de fins de tarde e de noites, mais de fins de tarde se vermos bem. De últimos raios de sol, deliciosos. Vai-te embora dia, que és esperado.
Às vezes, vejo-te com olhos ternos, p’ra mim. Olá, ‘tás bom? Olá, qual olá? E o sol a pôr-se, os raios a irem-se, eu a perdê-los. E a ti a ganhar-te, já não desejada. Não assim. Sais? Ainda não. Estúpido acesso de fúria. Ainda sim. Qual é a tua? Vou lá fora, ao fim de tarde, aos raios de sol deliciosos, sem óculos de sol, para saborear melhor, e quando vier de lá, de barriga cheia, deliciado, que não estejas aqui. Certo?
Certo. Respondo, eu, sem ouvir resposta.
Raios de sol na cara. Torno-me e, tu, ainda aqui? Que te ias embora.
PS. Desculpas, rapazes. É a insónia. A porca.

Crónica de Praia

É o Algarve. Silly Season. Pés descalços, pela praia e/ou pela falta de sapatos habitual. Jet7 e outros Jets convivendo amigavelmente, salvo pisadelas na cabeça ou bolas nas costas de alguém a quem já fez mossa o sol do meio-dia às quatro, a hora perigosa, avisa-se por aí. As crianças sabem-no. Chutam a bola, carregadas de creme mal espalhado nas faces e nas costas, despreocupadas se as costas avermelhadas da senhora poderão sofrer ainda maior estrago com algum alívio à Paulo Madeira, lá vão os tempos, caro amigo. Bela trunfa. Diz que agora já tens cabelo à homenzinho, já era tempo. A tua mãe deve ter ficado contente.
Ao lado, uma adolescente com algum problema de obesidade confidencia às cerca de mil pessoas num raio de cinquenta metros que só pode ter sido a Leonor a fazer as sandes. Que não há de presunto, diz ela, indignada. A maldosa. Sempre a mesma, a Leonor. As cerca de mil pessoas ouviram, e acenam a cabeça de cima para baixo. Que sim, que só pode ser a Leonor, maldosa da Leonor, ao que a adolescente continua o diálogo sobre os sumos numa voz grave, grave demais para quem tem os teus catorze anos, rapariga. Controla-te. Não há Aiceti de Manga? Se eu gosto é de Manga. Cem, duzentas, trezentas pessoas correm ao bar de praia a buscar Aicetis de Manga, não se quer uma adolescente assim chateada. Com uma voz daquelas. Assustadora. Não é cá voz de monstro de desenhos animados, daqueles que a gente até é capaz de olhar e se rir. Tu, ralé dos monstros, não és nada. Esta adolescente tem voz de monstro a sério, daqueles pelos quais ninguém paga bilhete para estar no cinema. Paga para não estar. Pára monstro. Sai. Não. Toma Aiceti.
A menina foi-se embora. Aí sim. Fica. Simpática.
Agora que mais descansado, oiço uma voz mais agradável, menos perceptível, vinda dum senhor de bigode, tichârte do Feira Nova, Preços Sempre a descer. Este é menino para ter vindo à pátria, passados 16 anos encafuado num gueto de portugueses “à Parri”: “Se vous voulez une bola de berlim?”, ao que a criança acena agitadamente, começando a palrar num francês que os meus mal sucedidos engates nas aulas da língua referida não deixaram perceber. Se tivesses escrito ainda vá lá, agora assim? Patrick! Je ne comprend pas, Patrick, presumindo que o teu nome é esse. Hás-de responder, se entoado com todos os erres, Pátrrique, mesmo que sejas Christian ou Davide. Deixa-me ouvir conversas alheias, Pátrrique. Ficamos assim, nomes de guerra. Tu Pátrrique, eu, bem, não interessa.

À laia de curiosidade

Calcula-se que tenham sido 638 as infrutíferas tentativas de assassinato de Fidel Castro, quer por parte da CIA, quer por parte de dissidentes cubanos.


Zurraria

  • Para além de ocuparmos espaço na net, desperdiçamos também papel no Jornal de Monchique...

    Zurras Mail

  • zurraria@gmail.com