Insónia

Tropeço por ti, por acaso. Ainda aí estás? Que te ias embora. Ainda não. Estúpido acesso de fúria. Ainda sim. Gosto de quando te vais e te ficas, matando-me de te ires e de te ficares. E mutilo-me, porque sim e porque não. Gosto de fins de tarde e de noites, mais de fins de tarde se vermos bem. De últimos raios de sol, deliciosos. Vai-te embora dia, que és esperado.
Às vezes, vejo-te com olhos ternos, p’ra mim. Olá, ‘tás bom? Olá, qual olá? E o sol a pôr-se, os raios a irem-se, eu a perdê-los. E a ti a ganhar-te, já não desejada. Não assim. Sais? Ainda não. Estúpido acesso de fúria. Ainda sim. Qual é a tua? Vou lá fora, ao fim de tarde, aos raios de sol deliciosos, sem óculos de sol, para saborear melhor, e quando vier de lá, de barriga cheia, deliciado, que não estejas aqui. Certo?
Certo. Respondo, eu, sem ouvir resposta.
Raios de sol na cara. Torno-me e, tu, ainda aqui? Que te ias embora.
PS. Desculpas, rapazes. É a insónia. A porca.

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