blood is my life

Antes de começar este post devo dizer há muito que estava para ser escrito, mas aparentemente vive em mim toda uma nova dimensão de preguiça que me impediu de o fazer. Assim, numa luta constante contra o dilentantismo e a cultura do inacabado, cá vai:

Vi toda a primeira temporada de Dexter em dois dias. Geralmente sou assim. Quando tenho acesso às temporadas completas lanço-me com unhas e dentes, na tentativa de dominar a série por completo, querendo saber sempre mais, mais e mais. Defeito ou feitio, não sei dizer. Talvez um pouco de ambos.
Os que me estão mais próximos sabem que tenho raros (raríssimos) contactos com livros, mas sinto-me confortável o suficiente para comparar o que sinto quando tenho em mãos uma série de qualidade superior ao que um leitor sente quando não consegue parar de ler uma obra superiormente escrita, tal é a forma como se deixou embrenhar pelo enredo, pelas personagens, no fundo, por um novo universo.
Foi assim com Sete Palmos de Terra, é assim com LOST, é assim com 24, foi assim com The Office (versão UK), é assim e sempre será com Os Sopranos, com Os Simpsons, com Friends, com Prison Break, com o House, com muitas e muitas outras.
Feliz ou infelizmente, com Dexter não se abriu nenhum precedente.
Os ecos extremamente positivos que chegaram do outro lado do Atlântico mantiveram-me em sentido, na expectativa de tirar as minhas próprias conclusões. Qual cão de Pavlov parti desde logo condicionado para o visionamento dos doze episódios. Desde logo a premissa, extremamente inovadora e desarmante, de um homem que é CSI de dia, serial killer à noite.
Seguramente se lembram do David de Sete Palmos de Terra, desempenhado por Michael C. Hall. Ora para aqueles que associam este actor ao papel de um homossexual moral e fisicamente frágil, aviso desde já que as vossas percepções irão dar uma volta de 180 graus, porque Michael C. Hall não nasceu para ser David, nasceu verdadeiramente para ser e dar vida a Dexter. Sociopata com laivos de vingador, raios me partam se Dexter não é das personagens mais brilhantemente criadas para uma série de TV.
Nascendo num canal de média dimensão nos Estados Unidos, o Showtime (de onde saiu também The L Word), Dexter ganhou o seu público de forma clara e por mérito próprio, apresentando argumentos que faltam a outras séries. Dexter tem voz-off, ao bom velho estilo dos filmes noir, transportando-nos para a mente de um assassino em série. Funciona e funciona bem.
Depois Dexter mostra a cidade de Miami. Mostra como CSI Miami quer mostrar mas não é capaz. Longe dos clichés mas perto da verdadeira Miami, da comunidade latina (não sei explicar, mas sabe bem ouvir uma língua minimamente familiar, já que o espanhol tem um grande destaque). Quem viu Miami Vice (a série) e quem jogou GTA Vice City, conhece as cores de Miami, a luz, as comunidades latinas, e Dexter capta esse sentimento, essa estética muito bem, afastando-se do turismo de CSI Miami.
O elenco secundário, apesar de desconhecido suporta muito bem a história, dando a Dexter o ritmo e o suspense sempre necessários nas grandes séries.
Tem sangue, muito sangue. Por vezes demasiado. O sangue é o néctar da vida, e neste caso o sangue é o motor da vida de Dexter, adquirindo a sua abundância ou a sua escassez significados muito relevantes na vida deste homem.
Espero pela segunda temporada tendo a consciência que a Portugal nem a primeira chegou, nem sei se alguma vez chegará (depois venham falar mal dos programas de partilha de ficheiros).
Afinal, queiramos ou não, o sangue também é a nossa vida...

1 Responses to “blood is my life”

  1. # Blogger Carlos M. Reis

    Eu estou no 3º episódio e estou a gostar q.b. Não me parece ser uma série que faça a diferença, mas é original e entretem o suficiente, apesar da falta de personagens secundárias mais fortes. Não quis ler a tua opinião, pois como ainda vou no princípio da série, ainda apanhava com algum spoiler :)

    Cumprimentos!  

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