Prá Sábado, Rui Zink fala de Sexo, Felicidade e Dinheiro

A Sábado vem oferecendo, na sua publicação semanal, livros de escritores portugueses, de entre os mais consagrados da Gloriosa Nação - olha o sacana nacionalista!
De edição Quasi, conjunta com a Sábado, saiu, aqui há três semanas "Luto pela Felicidade dos Portugueses - Crónicas Benditas", de Rui Zink, uma compilação de crónicas publicadas na revista SOS Saúde (?), entre 2000 e 2005.
Estas crónicas, destapemos o epíteto, serão mais, em verdade, ensaios, em que Rui Zink não deixa de usar os seus grandes recursos, estílisticos, literários, da ironia ao humor, passando por... vá, um descaramento do tamanho do Mundo. Rui Zink não é desses escrevinhadores (cronistas) (escritores) enlatados, e será precisamente por isso - com pena nossa - que não passa pela grande imprensa nacional.
A sua prosa é tão singular quanto as suas opiniões. Prosa de diálogo com ares de monólogo, Rui Zink discorre sobre os portugueses, a felicidade, o sexo, dissociando estes últimos conceitos com grande facilidade. Associa o sexo a infelicidade - e não o inverso -, apresenta-se como um frustrado sexual, assume que a única prática sexual que pode conduzir à felicidade é a masturbação e nos entretantos vai somando punch lines atrás de punch lines. Com figuras públicas, grande parte da vezes, consigo próprio, outras tantas:
"Não sou tão bonito como o Pierce Brosnan, tão dotado como um actor do canal 18, tão sensual como um bailarino do Ballet Gulbenkian, tão charmoso como Eduardo Prado Coelho, nem tão ágil intelectualmente como Marcelo Rebelo de Sousa. Que me resta, então, senão o suicídio? Hem"
Mas não se fica por aqui. Referencia às tantas, Maria Filomena Mónica como mulher de sonho - é a minha, certamente -, ou o Prof. Doutor Marco Paulo, que consubstanciou a sua teoria de que os dois amores podem perfeitamente co-existir sem que seja seguro que se goste mais de um ou outro.
Rui Zink é dos escritores mais (des)agradáveis da literatura portuguesa.
Seguirá (?) a linha mordaz de Luiz Pacheco e outros escrevinhadores do mal-dizer, (do bom sentido), do denunciador de "certas e determinadas coisas" - precisamente isto - e do humor fino na literatura. Não se encontra facilmente, humor na literatura.
Rui Zink (também) é isso. E uma insubmissão permanente. E a pena fluída, caramba, sacana do Zink.
Arrefinfa-lhe. Saudades da Má Língua.

5 Responses to “Prá Sábado, Rui Zink fala de Sexo, Felicidade e Dinheiro”

  1. # Blogger Vegana da Serra

    A Maria Filomena Mónica é a mulher dos sonhos dele???

    Confirma-se a regra: ninguém é perfeito!  

  2. # Blogger Pedro F. Guerreiro

    A ironia...

    O Zink estará longe da perfeição. Só de lê-lo, o desconfio.  

  3. # Blogger Menphis

    Rui Zink e Miguel Esteves Cardoso são, sem dúvida, os melhores cronistas portugueses.  

  4. # Blogger Pedro F. Guerreiro

    Bem, com alguma dúvida.
    Para começar, no estilo.
    Há Lobo Antunes, Luiz Pacheco, Paulo Portas - excelente cronista,- e outros que não gostando do estilo, se aviltam por essa imprensa fora.
    MEC, curiosamente, não faz parte dos meus preferidos, talvez, pessoalmente, pelo Contrastes que partilha com Leonor Pinhão no Expresso. Enfim.  

  5. # Blogger Menphis

    já agora, essa colecção da Sábado é das mais bem feitas que já saiu nas revistas.

    Já li o livro da Maria Filomena Mónica e agora estou a terminar o livro do Viegas.  

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