Zodiac

Não me espero alongar muito nesta análise, pois tenho a forte ideia de que ninguém lê estes textos que escrevo derivado da sua magnitude vertical...
Sucede que fui mais o Pedro ver o Zodiac esta tarde. Filme do Fincher, tipo que como é referido no Ípsilon é um realizador obsessivo, mas já lá vamos.
Gosto de ir ao cinema de tarde. Gosto de ter a sala quase só para mim. Egoísta? Talvez, embora goste de pensar que aprecio o silêncio do ambiente quando estou a ver um filme, para além de não gostar de filas e de multidões.
Como disse, fomos ver o Zodiac esta tarde. Contando connosco, 7 pessoas dentro da sala, salvo erro. Mesmo à medida para um filme do Fincher. Não queremos cá putos a falar ao telemóvel ou a sofrer de verborreia mesmo a meio do filme. Não me levem a mal, não me importo que bebam e comam na sala de cinema, mas não posso com aquela maralha que vai para uma sala de cinema passar o tempo e conversar com os amiguinhos e amiguinhas.
Sigamos então para a mais recente obra do tal tipo obsessivo.
Primeira sensação. É longo, especialmente a segunda parte mais centrada em Robert Graysmith na sua obsessão em descobrir quem é Zodiac.
Baseado numa história real, a do assassino em série auto-denominado Zodiac que aterrorizou a Bay Area de São Francisco nos anos finais do flower power, se é que o movimento já não tinha falecido.
A estética que Fincher aplica às suas obras está lá de forma clara, apesar de ser um filme de época, o que é novidade na filmografia do realizador. O escuro acaba por vencer a luz em todos ou quase todos os seus filmes, e em Zodiac a maioria das imagens que temos de São Francisco são à noite e com chuva. E Fincher sabe filmar a noite, ou pelo menos a escuridão. Tal como Michael Mann, um dos poucos realizadores que sabe filmar e usar a escuridão como um elemento forte na narrativa, também Fincher fez desse um dos seus domínios, talvez muito mais psicológico e subjectivo do que Mann, mas tudo isso faz parte da obsessão.
O grupo de actores porta-se todo à altura. Jake Gyllenhaal é a imagem da obsessão, se quiserem, ele é a obsessão. Suportado por Mark Ruffalo no papel do Detective Dave Toschi, o tipo em que Steve McQueen se terá inspirado para o seu Bullit. Ruffalo apresenta-se cada vez mais consistente nos papéis que escolhe representar, pelo que devagarinho, devagarinho vai-se fazendo notar em Hollywood. Para além de todo o restante grupo de actores, tudo malta de provas dadas e que não falha, não posso deixar de louvar o belo trabalho de Robert Downey Jr. na sua representação do jornalista Paul Avery. Depois de um período conturbado, Downey Jr. parece querer recuperar o tempo perdido, e que belo actor que ali temos. Que se deixe das drogas para sempre, porque tipos deste calibre fazem falta ao cinema. Não fosse a segunda parte em que quase não aparece e teria com certeza roubado o filme a Jake Gyllenhaal, se é que não roubou mesmo.
Ora com o chamado "ensemble catita" e uma estória/história à sua medida, David Fincher manteve a barra da qualidade bastante elevada. É certo que não é nenhum Seven ou Fight Club, nem tem Brad Pitt, mas a perfeição não se atinge todos os dias.
Aliás, em Zodiac não se pode aplicar o conceito de perfeição, apenas o de obsessão.
PS: Neste momento David Fincher filma já o seu próximo filme. Imaginem quem interpreta a personagem principal? Lá está, Brad Pitt. Como diz o outro, esperam-se coisas bonitas.

1 Responses to “Zodiac”

  1. # Blogger Loot

    Fui ver no fim de semana e acheio-o muito interessante, gostei. Também prefiro o Fight Club e o Seven, mas Zodiac não deixa de ser um belo filme  

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